Odacy de Brito Silva, é, segundo sua própria tradução, uma estudiosa das diversas configurações culturais e sociais do Brasil. Seu olhar, sempre apaixonado pelos roteiros que a vida lhe expõe, a fizeram uma sagaz observadora do comportamento humano.
Com atuação e exito em centenas de júris no país, principalmente no Estado de São Paulo, ela se destaca por ser uma mulher que respira cultura, afirmando que a mesma nos faz integrados com o mundo, onde quer que estejamos, seja nas margens dos Rios São Francisco, Amazonas, Negro, Solimões, ou dos Lagos Suíços.Na área literária, é biógrafa de ‘Dona Zica da Estação Primeira de Mangueira’ e autora de ‘Defendendo o Meu Padrinho Padre Cícero - O Santo do Povo Brasileiro’ e na jurídica de títulos como ‘Filhos da Justiça’, ‘Aprendendo o Tribunal do Júri em 20 horas aulas’, ‘ Cadê a Justiça?’ , ‘Omissão Nunca Mais’(com a participação de Miguel Arraes, Alcione, Gilberto Gil, Ruth Escobar e outros nomes da política, música , literatura e cultura) entre outros.
Chegando aos 60 anos, esta pernambucana de nascimento e cidadã do mundo por opção, escolheu o Rio de Janeiro para passar alguns meses desta pandemia, finalizando vários projetos e iniciando alguns, como por exemplo, um livro que irá homenagear a cultura carioca.
Sonhava como a maioria dos estudantes de direito com o Tribunal do Júri. Ao
graduar-me me deparei
sucessivamente com o
exame da OAB, o
enfrentei, sendo aprovada de pronto,
sendo a próxima
etapa - já que não
convivia com a
tradição da advocacia nos laços imediatos- o comparecer perante o juiz
criminal da Comarca de São
José dos
Campos, requerendo, solicitando e
suplicando, que me nomeasse para
defender os réus
que não dispusessem de advogados;
Foi o que exatamente ocorreu, na realidade a advocacia criminal nasceu com o meu exercício criminal, na sua essência como missão, a partir da caridade com os criminosos, nos termos estabelecidos pelo Evangelho ( KARDEC); Muito se visualiza o crime como decorrência social, mas a sua extensão é muito ampla, não sendo privilégio dos mais pobres.
2- A
senhora sempre esteve ligada à cultura?
Na realidade muito
além do diploma e títulos, enxergo
na cultura, a partir do
Brasil, o meu país,
considerando o Mundo
Global, o meu único
patrimônio.
Os valores da cultura
na minha
vida me afastam
do sofrimento sem
causa, porque por ela enxergo os valores da
vida pela arte, costumes, práticas
sociais, na realidade por
várias vias, por exemplo pelas mãos da
História, onde nos
é dado sentir o
trajeto e legado de múltiplas civilizações, pela Antropologia, Folclore;
É neste conjunto, sem essa de
definição entre erudito e
popular, que me abraço com
as partituras de
Chopin, mas com o
toque da sanfona
do Rei do
Baião, nesses toques a
certeza da efemeridade da viagem
vida e da necessidade de admirar, sentir e
viver o sistema
de cultura, muito
bem definido por Câmara Cascudo, mas tomado
em goles, na Casa
de Tia Ciata, lugar de
Pixinguinha, Sinhô, Heitor
dos Prazeres, Drummond, Mário de
Andrade. É o Brasil das Festas Juninas, do
Carnaval, do Carimbó, das festas
do boi etc.
A cultura nos faz integrados com o mundo, onde quer que estejamos, nas margens dos Rios são Francisco, Amazonas, Negro, Solimões, ou dos Lagos Suíços;
Penso que tudo está na cultura como significado que inclui o conhecimento, a arte, as crenças, a lei, a moral, os costumes e todos os hábitos e aptidões adquiridos pelo ser humano não somente em família, como também por fazer parte de uma sociedade da qual é membro
3- Quando a senhora começou a escrever?
Em 1987 escrevi o meu primeiro livro, “
Os Criminosos Somos
Nós”, posto incomodar-me e
agredir-me as questões sociais
diretamente vinculadas aos reflexos da
criminalidade, cenário a
permanecer nos dias
atuais, com muito mais
ênfase, dispensando-se maiores incursionamentos, para se
discernir quem é a população
encarcerada, sendo o mais
grave o diminuto índice
de ressocialização;
Em 1988,
escrevi “Cadê a Justiça ?”, como impressão e
certeza da necessidade de
melhoramento da estrutura social, por meio
da implementação de
mecanismos da potencialização
da educação, cultura, saúde , distanciamento do clientelismo, assistencialismo e mais
propostas de geração
de renda e
emprego; Outras obras de
cunho social alicerçam
a minha vida,
uma delas, lançada no
Teatro Ruth Escobar, “Omissão
Nunca Mais” em 1990, da
qual participaram Alcione, Miguel
Arraes, Gilberto Gil, Ruth
de Souza, Osmar Prado e
outras personalidades. Estávamos
diante da recente Constituição Democrática de 1988,
e o
Brasil no início do seu
primeiro governo democrático, após um longo
período alicerçado pelos governos militares, desde o
Golpe de 1964.
Tive
participação na obra, nos início
dos anos
2000, o “ Advogado e Administração
da Justiça”, com a
presença de ilustres nomes
nacionais e internacionais, dentre
os mesmos, o Ministro
da Justiça Saulo Ramos;
Dona
Zica da
Mangueira na Passarela
de Sua Vida, responde aos
longos anos de
convívio com a musa inspiradora
do Mestre Cartola, destacando-se como grandiosa e
especial líder da cultura no
contexto do samba e
suas raízes, discorre sobre sua
caminhada histórica nos vários tempos do
Brasil;
Essas obras e outras como “História, Cultura e Política , a partir da Estação Verde e Rosa”, “ Defendendo o Meu Padrinho Padre Cícero- O Santo do Povo Brasileiro “ , dentre outras, não me fazem escritora, na realidade me legitimam como estudiosa das configurações culturais e sociais diversas do Brasil, sem afastar o meu olhar apaixonado, por cada pedaço onde a vida me permitir caminhar, principalmente considerando o Continente Americano como um todo;
4-A senhora escolheu o Rio de Janeiro para passar uma temporada em tempos de pandemia. Durante este isolamento trabalhou em vários projetos, inclusive livros que estão em produção. São muitas obras?
Durante todo o período em que o Mundo Global, em tempo real surpreendeu-se com a pandemia, no âmbito do COVID- 19, me debrucei na conclusão de algumas obras, dentre as mesmas , “Moda Cidadã- Quebrando o Preconceito”, “Idade e Cultura da Experiência”; “Município Habitat da Cidadania”, “Superendividamento de Funcionários Públicos e Pensionistas” (reflexo de empréstimos consignados) e outras, o que fiz como questão de políticas públicas diante da necessidade de avanços e integração no sistema de comunicação da sociedade como um todo;
5- Voltando à suas obras, é verdade está em fase de pesquisa para escrever um livro dedicado a cultura carioca e que se chamará Rio de Janeiro, o Altar da Cultura?
O Rio de Janeiro tem essa essência de Altar Cultural diante do mundo, quero e irei construir esta obra.
6-A senhora disse uma vez que é uma intelectual, libertária e estudiosa das civilizações....
Considero-me uma estudiosa dos valores civilizatórios, o que me assegura melhoramento no meu autoconhecimento, e própria posição libertária.
7-A senhora vive em São Paulo. Muito se diz da violência no Rio, mas São Paulo é uma cidade com muito mais favelas e violência urbana. Como explica este paradoxo?
Muito se foca na violência do Rio de Janeiro, até por ser uma cidade muito cultural, mas São Paulo, que é considerada a capital financeira da América Latina, convive com situações sociais terríveis. São 400 favelas em áreas de risco, uma delas a Favela Vietnã, com esgoto a céu aberto e pessoas convivendo com ratos e doenças como leptospirose
O que noto, sendo moradora de São Paulo é que a violência urbana é muito maior, mais acentuada, entretanto pouco divulgada.
8- Uma de suas causas é a defesa e estudo da Mitologia Africana. A senhora já declarou que muito se fala e estuda a mitologia grega, mas que a africana tem que sair da senzala. Poderia explicar?
Dentro de uma liberdade de escolha, estudar mitologia africana como brasileira e afrodescendente me estrutura de realização. Lamento muito os que insistem em colocar os valores da cultura afro na Senzala e de outras culturas como a grega, na Casa Grande, afinal não podemos somente nos colocarmos como consumidores da cultura negra, sobretudo já passou da hora de respeitá-la.
10- Estes meses de Pandemia e isolamento social fizeram a senhora acreditar que o mundo será melhor e que o ser humano mudará seu comportamento?
É hora de melhorar, na verdade sempre foi. Na minha vida a pandemia me colocou diante de um mundo dos solidários e dos predadores, com mais capacidade de visualização, e com mais sensibilidade de discernir os caminhos, os quais me proponho seguir.
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