Nelson Xavier, um legado a arte dramática



Tributo comemora 50 anos de carreira do ator


Dia 5 de dezembro, a partir das 21h, no Alegretti Music Bar, em Copacabana, Rio de Janeiro, uma gama de atores se reunirá em torno do início das comemorações de 50 anos de carreira do ator Nelson Xavier, falecido há dois anos.

Uma mostra fotográfica apresentará seu longo percurso pelo teatro, TV e cinema. Amigos de longa data como Tânia Alves (a eterna Maria Bonita de Lampião), Othon Bastos, Emiliano Queiroz, Sthepan Nercesian, Milton Gonçalves entre outros estarão lendo textos e poesias e a cantora e atriz Via Negromonte, viúva de Nelson (com quem foi casada 28 anos) e idealizadora do evento, interpretará canções de jazz e blues, ritmos prediletos do ator.

Na ocasião será anunciado o projeto completo para as outras comemorações no decorrer de 2019: Via , gestora do patrimônio cultural do ator já recebeu um convite para montar o Museu Memorial Nelson Xavier, com mais de 2 mil livros, acervos, troféus etc., além de lançar a biografia ‘ Prosa ‘, escrita por Nelson. Um longa em forma de documentário, será lançado e começa a ser rodado em parceria com o escritor e diretor Ivan Jaf, o cineasta Érico Rassi e a Bravo Filmes.

“Qualquer homenagem, da mais simbólica as mais elaboradas ou gloriosas, diriam muito pouco sobre Nelson. O legado que ele deixa para nós foi e para sempre será a de uma pessoa de gabarito, elegante, discreto, um erudito por natureza e apaixonado pelo mundo e pelas causas sociais, pela justiça. Eu honro e acolho este momento com essa homenagem. Em nome de todos os brasileiros, muito obrigada por você ter existido! “ (Via Negromonte)




Uma Trajetória de Amor à arte



Dos grandes personagens que marcaram a carreira do ator e diretor Nelson Xavier ao longo de mais de cinco décadas. Lampião e Chico Xavier povoam a memória da maioria que acompanhou sua trajetória. Mas muitos outros personagens representantes da luta brasileira também estiveram presentes ao longo de sua longa caminhada, sempre com o compromisso com o teatro crítico.

A trajetória de Nelson foi vivida quase por blocos: a paixão pelo teatro nos anos 1950 e 1960, a descoberta pelo cinema nos anos 1960 e 1970, o estouro na TV no início dos anos 80. A mistura de tudo isso sempre esteve em seu DNA.
Nascido em São Paulo, em 30 de agosto de 1941 - era virginiano -, chegou a cursar Direito, mas preferiu ser ator. Nos anos 1950, entrou para a Escola de Artes Dramáticas da USP e foi parar no Teatro de Arena. Seu berço era o palco, numa época em que fazer teatro era entender a dimensão holística da missão de ser ator.

Participou de espetáculos históricos que revolucionariam o teatro do Brasil - Eles Não Usam Black-Tie, Chapetuba Futebol Clube, Gente Como a Gente e Julgamento em Novo Sol, de autores como Gianfrancesco Guarnieri, Oduvaldo Vianna Filho, Roberto Freire e Augusto Boal entre tantos outros, como a primeira montagem de “Toda Nudez Será Castigada”, de Nelson Rodrigues, em 1965, com direção de Ziembinski e contracenando com Cleide Yáconis.
Foi um homem que amou o cinema. Os Fuzis, Os Deuses e os Mortos e A Queda, de Ruy Guerra; A Rainha Diaba, de Antônio Carlos Fontoura; Vai Trabalhar Vagabundo, de Hugo Carvana; Dona Flor e Seus Dois Maridos, de Bruno Barreto; Narradores de Javé, de Eliane Caffé; o citado Chico Xavier, que considerava seu maior papel, entre outros. 

Perfeito na criação de tipos populares, foi um impecável ator de linhagem em A Floresta Que Se Move, de Vinicius Coimbra, criando um integrante da classe dominante. Mas se fosse para escolher um momento, um papel, seria o genial duelo de sinuca entre o Russo e Babalu, Paulo César Pereio e ele, na obra-prima de Hugo Carvana. Participou também da primeira montagem de “Toda Nudez Será Castigada”, de Nelson Rodrigues, em 1965, com direção de Ziembinski e contracena com Cleide Yáconis.

Transformou-se em produtor da primeira temporada carioca de “Dois Perdidos numa Noite Suja”, em 1967. Substituiu Plínio Marcos (que fazia Paco) e encantou público e crítica. Depois, fez o primeiro Vado, de “Navalha na Carne”, estapeando Tônia Carrero em cena, na montagem de 1968, que deixou os generais da ditadura de cabelo em pé.
As duas peças viraram filmes, com a direção de Braz Chediak, e ele parecia perfeito para a tela grande. Não era um ator teatralmente exagerado. Sabia controlar as emoções na medida certa e o melhor: era extremamente brasileiro. Estava no Cinema Novo com “Os Fuzis”, de Ruy Guerra, de 1964, e na profícua construção de um cinema nacional dos anos 1970 e 1980, como o megassucesso “Dona Flor e Seus Dois Maridos, de Bruno Barreto, de 1976.

Nelson tinha a brasilidade que tanto se ansiava no ator moderno.  A despeito do sucesso e de muitos prêmios que marcaram sua carreira, não foi à toa que, quando caiu nas graças da tevê brasileira, viveu um dos maiores e mais difíceis dos personagens que habitaram o imaginário popular: Lampião, na minissérie histórica que movimentou o Brasil de 1982 e não tirou Nelson mais da teledramaturgia. Até Chico Xavier surgir, o anti-herói nordestino era a grande referência para as massas que o aplaudiam de pé.
Como Chico Xavier foi inesquecível.  No longa viveu o líder espírita dos 59 aos 65 anos.Atrás desse personagem tão icônico e quase impossível de alcançar, Nelson teve sua redenção à espiritualidade. Na época, o ator afirmou que havia vivido ali seu melhor papel."Com Chico, vi que a vida não é pela violência, é pela solidariedade. Só o amor pode salvar o homem. Só a solidariedade humana, o trabalho em função do amor, da paz, das pessoas entenderem umas às outras.Finalmente fiz o meu maior papel. Fui invadido por uma onda de amor tão forte, tão intensa, que levava às lágrimas. Nenhum dos personagens que fiz mudou minha vida. O Chico fez uma revolução”.

Serviços:
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