Professor Lúcio Lage, Doutorando em Saúde Mental pelo IPUB/UFRJ (Instituto de Psiquiatria da Universidade Federal do Rio de Janeiro) e pesquisador colaborador do Laboratório DELETE- Detox e uso consciente de tecnologias, especialista em novos comportamentos humanos responde cinco perguntas pertinentes à nova flexibilização da Pandemia no Rio de Janeiro e Brasil.
1-Desde o feriado da Independência, incluindo este final de semana solar, as praias, bares, parques e shoppings no Rio de Janeiro e outras capitais estiveram lotados. Como o senhor vê esta flexibilização?
Sem nenhuma surpresa. Já havíamos sinalizado no nosso livro “A vida após o novo coronavírus: novos comportamentos”, lançado em 30/06/20 (www.barralivros.com), que as reações das pessoas ao isolamento social dependia da cultura dos povos, das nações e/ou das regiões.
A cultura brasileira, em média, é da praia, do futebol, da escola de samba e do churrasco e tudo isto envolve aglomeração. Por seis meses nosso cérebro ouviu: “vai passar”, “fique em casa que passa logo”, “é temporário” e se manteve em “modo provisório”. Com a flexibilização, somada a angustia do exílio domiciliar, o cérebro volta as condições de antes do isolamento e as pessoas tentam retirar o peso da falta de disciplina e experiência em situações de limitações de mobilidade. Os disciplinados orientais, principalmente os japoneses não estão procedendo assim.
2-O senhor acredita que a flexibilização deva ser contida no aspecto dos bares e praias?
Contida talvez não seja um bom termo para expressar a ação necessária. São necessárias ações de revisão dos protocolos e das liberações considerando as características culturais de cada país ou região. No caso brasileiro é preciso cautela, mesmo com uma perspectiva positiva de redução da presença do vírus, lembrando que isto não é uma certeza mas sim perspectiva. Considerando o que se viu nos últimos dias, é preciso sim discutir rapidamente formas de minimizar as aglomerações.
3-Qual a solução para conter e esclarecer as pessoas de que a pandemia ainda está presente?
Informação segura e convincente de que qualquer liberação tem que ser gradativa e ampliada a partir de avaliações seguras de possibilidades. Um exemplo interessante é a liberação parcial e controlada que esta sendo feita em eventos esportivos na Europa. No caso brasileiro o poder de convencimento terá que ser maior pela cultura indisciplinada e expansiva dos brasileiros.
4-Em sua opinião a evolução das vacinas em fase de testes terão efeito positiva já em 2021?
Como meu campo de pesquisa é Comportamento Humano eu não posso opinar sobre a eficácia das vacinas em produção embora todos saibamos do poder preventivo delas, se forem produzidas de forma segura, responsável e lícita. Talvez nem os infectologistas e demais cientistas que se envolvem com este tema possam garantir um prazo até porque outras variáveis estão em jogo como comercialização, recursos financeiros, decisões governamentais e interesses internacionais. O tema “vacina” não pertence exclusivamente ao campo da Saúde.
5-Os novos comportamentos pós-coronavírus indicavam em algumas de suas pesquisas que as pessoas continuariam a se expor tanto a contrair o vírus?
Conforme a resposta da pergunta um, sim. As culturas mais expansivas e menos experientes com limitações, como nos mostra a história brasileira teriam mesmo mais dificuldades de se manterem reclusas. Os europeus, muito experientes por outras pandemias, epidemias, endemias, guerras e conflitos territoriais, já estavam mais acostumados culturalmente ao isolamento, por isto já se previa que teriam mais adequação às regras protetivas.
Sobre Lúcio Lage
Engenheiro, pós-graduação em Administração Pública (EBAP/FGV), em Tecnologia Educacional (U.Católica de Petrópolis), em Gestão do Conhecimento e Inteligência Empresarial (PUC - Paraná) , Mestrado em Administração (UNIEURO), Doutorando em Saúde Mental (IPUB/UFRJ), linha de pesquisa Dependência Digital. Pesquisador do Laboratório Delete - Uso Consciente de Tecnologi@s (IPUB/UFRJ) . Professor de cursos de MBA de 2000 a 2010. Orientador acadêmico. Escritor dos livros "Gestão de Mudanças na teoria e na prática" (2014), "Mudanças Organizacionais no Brasil" (2015), "Dependência Digital" (2017) e "Convivendo bem com a Dependência Digital" (2018). Co-organizador e co-autor do livro “Novos Humanos 2030: Como será a humanidade em 2030 convivendo com as tecnologias digitais?”(2019).
Último Lançamento: A vida após o novo coronavírus: Novos Comportamentos – Ed. Barra Livros(30/junho/2020).
A obra ‘A VIDA APÓS O NOVO CORONAVÍRUS: NOVOS COMPORTAMENTOS’, vem gerando comentários e interessantes discussões por parte de especialistas em comportamento humano e saúde mental. O Professor Lúcio Lage está sendo convidado para palestras encontros onde o tema não poderia ser mais pertinente ao momento atual.
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