Medicina Paliativa vem como esperança para diversos tratamentos associados a dor


Os anos passam e a Medicina evolui cada vez mais. Não apenas por causa da modernização tecnológica, mas também, através da criação de novas especialidades e áreas de atuação para melhoria do cuidado e aplicação das novas técnicas. Recentemente, no Brasil, muitos médicos vêm adotando uma nova área de atuação conhecida como Medicina Paliativa. Método ainda pouco conhecido pelos brasileiros. Mas, de extremamente importância na saúde do corpo e da mente.

A medicina paliativa – busca estudar, pesquisar e tratar sintomas angustiantes, com o objetivo de evitar sofrimento físico, mental, social e espiritual ao paciente e seus familiares.Dentre esses sintomas, a dor merece destaque por ser um dos principais motivos de busca aos serviços de saúde ao redor do mundo, e por estar frequentemente associada ao sofrimento.

De acordo com especialistas, é possível aumentar a qualidade e expectativa de vida, através de tratamentos que busquem por meio de vários mecanismos biológicos, físicos e mentais, sanar sintomas que nem sempre serão originadas no componente físico. No caso da dor, isso pode ir além, afetando o equilíbrio fisiológico, capacidade funcional, emocional, espiritual e social das pessoas que sofrem com ela.

É por isso, que essa área de atuação, está ganhando cada vez mais espaço no mercado, com clínicas especializadas e profissionais que trabalham em clínicas e hospitais, sendo recomendada para pacientes que tratam de dores agudas ou crônicas, independente da doença.

A médica anestesiologista, com área de atuação em Dor Jeane Juver e professora adjunta da Faculdade de Medicina da Universidade Federal Fluminense – UFF. Explica mitos e verdades sobre a medicina paliativa, pontuando aspectos importantes que devem ser levados em consideração na hora de buscar por tratamento, especial quanto a dor.

Para Jeane, ser médico significa cuidar, tratar de forma individualizada para melhorar a qualidade de vida do paciente, já que muitas doenças não tem cura. Para ela, é possível controlar a dor trazendo melhor qualidade e expectativa de vida às pessoas. Há estudos que comprovam que utilizar a medicina paliativa para o controle de sintomas em várias doenças, acaba sendo mais benéfico do que a busca por tratamentos mais radicais.
                                    

Abaixo Jeane Juver esclarece todas as dúvidas e informações essenciais sobre esta medicina que está crescendo a cada dia no país.


COMO QUE FUNCIONA A MEDICINA PALIATIVA? E O QUE É MAIS IMPORTANTE DENTRO DELA?

A medicina paliativa é uma área de atuação que vem crescendo muito no Brasil, mas ainda é uma especialidade jovem dentro do segmento. Em meados da década de 60, foi quando começou a se pensar na medicina paliativa. Ela trata da família e do paciente e visa o controle de sintomas, sejam eles da esfera física, emocional, social e espiritual, ou seja, o paciente como um todo. E tem como objetivo oferecer qualidade de vida. Então,se o paciente tem uma doença incurável que possivelmente vai levá-lo a morte, é realizado através da medicina paliativa o controle desses sintomas e, consequentemente, gerando mais qualidade de vida. Logo o paciente vive mais e melhor.


EM RELAÇÃO ÀS DORES OCASIONADAS PELA COVID 19, COMO A MEDICINA DA DOR PODE SER EFICAZ?

Na maioria dos lugares, as pessoas têm medo das medicações para dor. No caso da covid-19, as dores geralmente são dores agudas. Portanto, o que precisa ser feito é criar uma cultura na medicina em geral de que medicações para dor, não são administradas somente quando se tem dor. As pessoas só tomam remédio, quando estão já desesperadas. É preciso fazer medicação para dor regularmente.

Nas faculdades de medicina não existe uma aula sobre o sintoma dor, geralmente ela é tratada como conseqüência de uma doença. Os médicos não entendem os mecanismos de transmissão do estímulo nocivo, nem como ele é reconhecido como dor, isso compromete a forma que ele identifica e trata esse sintoma.

VÁRIAS UNIVERSIDADES ESTRANGEIRAS,AMERICANAS, EUROPEIAS JÁ POSSUEM ESTUDOS CIENTÍFICOS SOBRE COMO A ESPIRITUALIDADE HOJE INTERVEM NOS TRATAMENTOS E COMO ATRAVÉS DA ESPIRITUALIDADE CONSEGUE-SE ALCANÇAR MAIS ANOS DE VIDA. COMO EXPLICAR ISSO?

Quando entramos em contato com o nosso sagrado, com aquilo que é puro para nós e que nos trás um envolvimento (isso nada tem a ver com religião que é apenas um pedaço da espiritualidade) mudamos nossa sintonia vibracional. A neurociência explica bem esta relação. Já a espiritualidade fala muito sobre você acreditar que tem algo após isso aqui, que existe alguma coisa superior a quem você se conecta e que pode te trazer paz, tranqüilidade, melhor sensação de bem estar.

Você pode até encontrar a espiritualidade por meio da religião, mas, você pode ser totalmente espiritualizado sem ter religião nenhuma. Isso é uma conexão interna com o seu eu e isso, trás redução de sintomas quanto a ansiedade, redução de sintoma depressivo, sensação de bem estar. As pessoas vivem melhor e com qualidade de vida. E eu, enquanto médica não preciso ter a mesma religião de quem estou tratando para entender a espiritualidade do outro.

Tenho uma história de uma paciente que estava com muita dor e pediu para eu segurar a mãe dela e rezar e pedir que Nossa Senhora cobrisse a mim e a ela com seu mando sagrado e que após isso ela iria melhorar.Eu fiquei ao lado dela durante 10 minutos, enquanto ela fazia as preces.E, quando acabamos, ela me disse que estava se sentindo melhor.

E COMO A CIÊNCIA EXPLICA ISSO?

A ciência explica que quando você tem uma conexão com o sagrado, as ondas celebrais se modificam e neurotransmissores que atuam em vias neuromoduladoras, são liberados, e isso melhora a percepção de estímulos nocivos e melhora a imunidade. Esse fato é facilmente observado por meio de monges budistas que pode se manter em estados de meditação por longos períodos, sem se quer se alimentar.

NO BRASIL A MEDICINA PALIATIVA E A CLÍNICA DE DOR AINDA SÃO POUCO CONHECIDAS?

Muito pouco conhecidas! Eu canso de escutar dos meus pacientes é que eles nunca ouviram falar nesse tipo de tratamento, alguns vêm à primeira consulta por pura curiosidade. A medicina da dor trata de dores agudas, dor crônica, ou seja, dores identificadas em qualquer segmento do corpo. Em geral a dor aguda é causada por traumas ou pós-operatório, já a dor crônica se qualifica com dores que se entendem por mais de três meses de evolução – nesse caso já pode ser considerado dor crônica.

Já a medicina paliativa pode ser utilizada em qualquer doença ameaçadora da vida, desde o momento do seu diagnóstico, trata do paciente em familiares, mesmo após a morte, auxiliando no processo de luto.

PORQUE A MEDICINA PALIATIVA É TÃO POUCO DIVULGADA NO PAÍS?
Por uma questão de falta de recurso e pesquisa. Em alguns lugares do mundo, existem locais aonde os pacientes vão para passar seu fim de vida. São lugares maravilhosos, em que o paciente pode ficar com família.

A EUTANÁSIA É PRATICADA NA SUÍÇA E EM VÁRIOS PAÍSES DA EUROPA. QUAL SEU PENSAMENTO EM RELAÇÃO A ISTO?


Eu não sou a favor da eutanásia. Eu sou a favor de outras técnicas, que não prolonguem a vida ou imponham tratamentos sabidamente fúteis, sem necessariamente, precisar aplicar a eutanásia – que é um caminho sem volta.

QUANTO A DOR, HÁ DIFERENÇA ENTRE OS GÊNEROS?

Historicamente as mulheres são conhecidas por tolerar mais a dor. As mulheres por serem reconhecidas dessa forma, acabam demorando mais para procurar o serviço de saúde. Então, às vezes, quando elas chegam já estão com alterações muitos graves e o controle da dor é mais difícil nesses casos, porque há a evolução da doença. Fora, que existe muito preconceito quando uma mulher buscar por tratamento na medicina para dor. Muitas pessoas costumam achar bobagem ou frescura das pacientes, ou seja, muitas delas chegam aqui com sintomas depressivos, independente de seus diagnósticos.

QUANDO QUE UMA PESSOA DEVE PROCURAR UM PROFISSIONAL DE MEDICINA DA DOR?


O paciente não precisa ser diagnosticado com alguma doença, ele apenas precisa ter dor. Se ele estiver sentindo dor por mais de três meses, em qualquer região do corpo pode e deve buscar um especialista da dor e isso não quer dizer que ele precise parar o tratamento com seu médico.

Nós somos médicos que tratamos a dor do paciente para possibilitar que ele continue o tratamento como, por exemplo: um paciente tem uma lesão no ombro e ele precisa fazer fisioterapia. Mas, às vezes ele não tolera passar pelas sessões porque ele sente dor, nesses casos, recomenda-se que ele busque por um profissional com área de atuação em dor, para que através da terapia da dor ele consiga dar continuidade em seu tratamento.




SERVIÇOS:


Medicina Paliativa e Clínica da Dor Jeane Juver

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